segunda-feira, 2 de abril de 2007



Quero me dar amor através de você!
Meu egoísmo é haste da minha tríade vida.
Quero transformá-lo em egoísmo de dois, partilhar o amor próprio e dividir as tristezas só minhas.
Conhecer a ti somente para preencher o vazio próprio, que não sufoca, mas entedia pela falta do que é meu.
Quero te dar algo, meu valoroso e sincero amor, mas quero que venhas de volta para mim com o meu e o seu amor.
Perceber em ti o quanto belo sou, o quanto minhas palavras são bem escolhidas e a exatidão dos meus conceitos.
Arrancar do teu âmago as melhores gargalhadas e, assim, rir da minha própria satisfação.
Esquecer todos os dias ruins, as palavras não ditas e o tempo imaculado que se foi de malas vazias.
Quero a mim mesmo, melhor e regenerado, imortal e revigorado. E quando estiver diante do relógio da vida, desejar de pés juntos para que tenha ponteiros, pois assim poderei atrasar algumas tantas horas, e satisfezer-me de mais deleites pessoais e encantos efêmeros.
Quem dera minha loucura fosse somente minha, expurgo de tantas dores. Meu coração não passaria de mero vate enfeitiçador, mero viajande de desejos comuns. Mas estão por aí as dores que me fazem sofrem, habitantes de habitantes, tolhidas por poucos e propagadas em olhares amorosos.
Não é uma vida o que procuro.

Um comentário:

Laura Maria disse...

MADRIGAL MELANCÓLICO

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O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e dos coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida,
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

11-07-1920

Manuel Bandeira